sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CI entrevista Jotagá Crema, um dos diretores da série 3%



Quem nunca escutou um comentário sobre a série 3% em qualquer lugar da internet, que atire a primeira pedra! Recentemente, a websérie ficou no top 5 da MTV das melhores séries nacionais de 2011, lugar de destaque muito merecido, diga-se de passagem! E hoje, nós do Curioso Inovador trazemos para todos vocês uma entrevista com o diretor de 3% (obrigado por ter se disponibilizado, Jotagá), para que desta forma todos vocês possam conhecer um pouco da história por trás das câmeras.

Lins: Como você decediu seguir essa carreira?

Jotagá: Era estudante de Engenharia na Escola Politécnica da USP. Quando comecei a fazer estágio, durante o quarto ano, comecei a ficar muito decepcionado com a carreira que tinha escolhido. Desde o colegial tinha pensado em fazer Cinema e até tinha pesquisado sobre o Audiovisual. Aos poucos fui querendo ler e escrever mais sobre assuntos que não tinham nada a ver com o que estudava ou com a carreira que seguiria. Um dia fui pego colando numa prova de Eletrônica Digital. Fiquei muito feliz em ser pego. Já sabia que não seria engenheiro. Nesse dia mesmo falei para meus pais que desistiria da Engenharia e prestaria vestibular novamente. Isso foi em 2005. Em 2006 entrei em Audiovisual na Escola de Comunicações e Artes da USP.

Lins: Qual foi o maior desafio enfrentado para a gravação do piloto de 3%?

Jotagá: Um desafio importante foi convencer os produtores da Maria Bonita Filmes que estudantes de Audiovisual do quarto ano conseguiriam dirigir um projeto do porte do 3%. Nós nos preparamos bastante e fomos muito bem acolhidos no processo, recebemos muito apoio. Conseguimos ser respeitados por uma equipe cheia de profissionais mais experientes e que admiramos. Cumprir esse desafio foi incrivelmente satisfatório.
Outro desafio foi conseguir a locação, cujo conceito remontava uma indústria moderna, mas dura. Um enorme hangar ou algo do tipo. A produção teve que atrasar, dada a dificuldade para encontrar tal lugar. Ainda bem que a produtora Camila Groch conseguiu encontrar a locação onde fizemos as gravações, na Vila Leopoldina, São Paulo.


Lins: Muitos blogs, sites e canais da internet vem falando muito bem de vocês, oferecendo apoio. Como você encara tudo isso? Chegou a imaginar que a produção geraria uma repercusão assim?

Jotagá: A repercussão foi muito maior que imaginávamos. Originalmente fizemos o piloto para a TV Brasil. Após isso ganhamos o Festival Internacional de TV (FITV) em 2010. Porém, as negociações com canais se arrastavam. O sucesso na internet provou que o projeto tem bastante potencial de público e isso ajuda nas negociações. Cada vez mais tenho esperança de que a temporada vai ser feita.

Lins: Como foi estar no Top 5 da MTV das séries nacionais?

Jotagá: Foi um grande reconhecimento, que fechou com chave de ouro a carreira do piloto no Youtube.

Lins: A partir de onde nasceu toda a ideia para a produção de 3%?

Jotagá: Pedro Aguilera criou o projeto para o edital FicTV, inspirado por distopias como 1984 e Admirável Mundo Novo. Temos um coletivo de criação e desenvolvemos junto o projeto, que quando ganhou o edital e o piloto foi dirigido por Daina, Dani e eu.


Lins: Vocês já receberam contato de algum canal que queira dar continuação ao projeto?

Jotagá: Recebemos de alguns canais cujos nomes não posso citar. Os produtores da Nation Filmes estão negociando.

Lins: Neste momento, você elabora uma continuação para a série ou tem em vista outros projetos? Se os tiver, quais?

Jotagá: Fazemos parte de um coletivo de criação de 6 pessoas. Temos a temporada do 3% escrita, só aguardando o sinal verde de um canal para a roteirização e a produção. Temos projetos de séries tanto de drama quanto de comédia, de webséries e de longa metragens.
Atualmente estou dirigindo um curta-metragem com Ivan Nakamura chamado “O Segredo dos Adultos“, que se passa num mundo onde as crianças tem 30 anos e os adultos se vestem de animais.


Lins: Como você definiria o mercado cinematográfico brasileiro? Acredita que algum dia ele consiga um potencial maior dentro do cenário internacional?

Jotagá: Definiria o mercado cinematográfico como ainda pequeno, mas com imenso potencial de crescimento, tanto comercialmente quanto artisticamente falando. Creio que o foco principal seja o mercado interno. Afinal de contas temos uma população grande, com classe média em expansão, que com o tempo buscará mais cultura. A língua portuguesa é uma barreira para se atingir mercados externos, mas, há boa aceitação, principalmente de séries brasileiras, na América Latina. Porém, creio não ter conhecimento suficiente para fazer uma análise da recepção do cinema brasileiro no mercado internacional.

Lins: Agradeço a entrevista, Jotagá. Deixo este espaço para qualquer recado que queira deixar aos nossos leitores. 

Jotagá: Obrigado, Mateus! Quem quiser saber mais pode me enviar perguntas no Facebook 


2 comentários:

Rafael S. Pereira disse...

Nuss nem conhecia essa serie, de verdade!
Agora com esse video fiquei com vontade de ver!

Ótima entrevista Galera da CI!!!

Abraços,
R. S. Pereira

Annie Bitencourt disse...

Pena não ter tido continuação pelo que ouvi falar a falta de patrocínio não ajudou nem um pouco a série a evoluir e quem sabe tirar essas porcarias de programas que temos na TV brasileira.

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