domingo, 29 de abril de 2012

O Príncipe do Deserto.

Adaptado do livro de 1957 South of the Heart, do suíço Hans Reusch, este longa é uma história bem construída, mesmo com direção de um francês e um roteirista holandês que, obviamente, trazem uma carga de estereotipo (mesmo que inconscientemente) para alguns personagens, não foram muito longe nessa ideia, principalmente devido ao dinheiro alto aplicado por produtores da Tunísia e Catar que devem ter segurado essa dose ocidental e valorizado seus costumes.

A história é uma ficção, baseada no conflito entre Hobeika e Salmaah pela grande vastidão de terras conhecidas como "Cinturão Amarelo", que finda quando o derrotado governante de Salmaah deixa seus filhos com o Sultão de Hobeika para serem seus "hóspedes" e evitar que os conflitos continuassem pela tradição do Islã. Entretanto, anos depois, já na década de 30, quando os braços dos EUA se aproximavam do Oriente Médio em busca do "Ouro Negro" (título original do filme em inglês), Nesib (Antonio Banderas) quebra o acordo que aquela seria uma "terra de ninguém" devido aos exploradores de petróleo terem encontrado grandes quantidades do mesmo naquela região. Desse momento, o conflito parece se desenvolver, principalmente devido ao acordo feito "perante os olhos de Ála" ter sido desfeito por Hobeika, que começa a desenvolver-se com o dinheiro vindo dos exploradores e Salmaah que rejeita a presença de "infiéis" naquele território.

Ao contrário do que alguns podem estar achando, este filme não traz uma visão deturpada do Ocidente em relação aos mulçumanos que, pela primeira vez, vejo serem tratados como homens que têm conflitos e discordam entre si mesmo se tratando de interpretações do Corão e da revolta de alguns para com sua própria religião que não é bem interpretada e acaba prejudicando seus irmãos. Mostra que apenas alguns que seguem o Islã são tolos radicais e que mesmo estes, quando dotados de bom senso, acabam abrindo os olhos perante os argumentos da razão.

A questão do petroléo realmente foi simplificada nesta obra, porém esperar que a mesma abordasse todas as nuâncias que envolvem a questão era pedir um filme não-rentável e de baixa aceitação no resto do mundo. O objetivo principal, na minha humilde opinião, foi alcançado quando mostrou ao resto dos homens que os seguidores de Maomé não são fanáticos fundamentalistas que certas nações insistem em querer taxar e sim grandes homens com valores e defeitos que todos nós carregamos, mas que mudam juntamente com nossa cultura.

Estréia: 13 de Abril nos cinemas (é, eu sei que já passou)

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