quarta-feira, 24 de julho de 2013

Um Brasil Padrão FIFA ou Cidadão?





Quando questionado sobre o “padrão” da instituição que representa Jérôme Valcke, secretário geral da FIFA, garantiu que podemos sim associar esta expressão, usada de forma irônica pelos brasileiros nos últimos tempos, como sinônimo de “alta qualidade”.

Em suas palavras, o secretário continua: “...Um bilhão de pessoas assistindo à final. Três milhões de pessoas nos estádios etc, etc. Quando temos estes números, temos que fazer o melhor. Não podemos desapontar as pessoas. Elas esperam o melhor tanto dentro do campo, quanto nas cidades. Querem se divertir quando vierem para o Brasil. Por isso pedimos muito, pedimos o melhor. Por isso nosso padrão é tão alto. Tenho certeza de que, quando observarmos o que foi entregue, teremos o padrão Fifa”.

Existem alguns trechos interessantes que podemos resgatar do comentário desse homem que trabalha para a maior instituição esportiva do mundo.

“Não podemos desapontar as pessoas”, referindo-se a grandiosidade do evento. Pois bem, sinto informar, mas estão desapontando. Não me refiro à instituição-mor do futebol, e sim, aos políticos que resolveram trazer este evento mundial para nosso país. Era tudo muito belo quando o ex-presidente Lula conseguiu trazer a Copa do Mundo para a “Terra do Futebol”. Contudo, algumas coisas não foram esclarecidas para os brasileiros.

Não explicaram que os países europeus que haviam sediado as Copas anteriormente haviam adquirido grandes prejuízos financeiros e que, após o evento, as instalações exigidas pelo “padrão FIFA” se tornaram subutilizadas. Não disseram que o investimento privado nos estádios acabaria sendo complementado, senão totalmente pago, com verbas públicas, porque se esqueceram de planejar que o investimento particular somente surge quando o projeto é lucrativo. “Esqueceram” de informar que aqui é a terra do “jeitinho” e, ao chegar próximo da data do evento e com as pressões impostas pela FIFA (em seu total direito contratual), seria respondida com desvios de verba, investimentos emergenciais e superfaturados, cinismo por parte dos políticos e alegria por parte das empreiteiras que participam dos “projetos bem delineados” do governo.

“Elas esperam o melhor tanto dentro do campo, quanto nas cidades”. De fato, esperamos. Esperamos por gerações e gerações de mandatos uma mudança em nosso país que não surge. Aguardamos ansiosamente ver em nossas cidades um “padrão FIFA” para escolas, hospitais e segurança pública.

É evidente a conclusão que melhoramos de uns anos para cá. As pessoas têm mais conforto, liberdade, oportunidades de se desenvolver, porém... Não foi suficiente. Sempre temos a sensação de estar faltando algo, que poderia ser melhor, que estamos sendo iludidos e que a espera, compartilhada por todos os brasileiros há décadas, parecer não suprir mais nossas ânsias.

Toda geração de jovens, durante anos, sempre sonhou com um Brasil melhor. Lutaram, gritaram, foram às ruas, imaginando que quando chegasse sua vez de tomar o poder seria diferente e, então, esperaram.

De fato, tais gerações chegaram ao poder e... Aquele “altruísmo” todo parece ter desaparecido. Na verdade, esta definição parece não existir no dicionário dos principais nomes políticos no Brasil hoje. E, o pior, é que tal “tendência altruística” aparenta diminuir com os anos e sumir completamente ao assumir um cargo eletivo no governo. Pois é...

Para concluir: “Por isso pedimos muito, pedimos o melhor”. Exato, senhor secretário, é isso que nós, brasileiros, deveríamos pedir: o melhor. Estamos acostumados com os restos. Somos o cachorro que late para o automóvel de forma incessante, mas que não sabe reagir quando o carro para ao seu alcance.

Vemos nossas escolas e exigimos “padrões FIFA” para as mesmas, mas não sabemos como pedir. Assistimos a falta de remédios e médicos estressados ou relapsos em nossos hospitais e não sabemos consertar isso. Reclamamos porque vivemos cercados por grades e temos medo, não dos criminosos, mas da ausência do Estado em nossas vidas para que ele controle tais índices e promova um grau de segurança em nosso dia-a-dia.

Enfim, antes de exigir um “Brasil padrão FIFA”, talvez devêssemos exigir políticos neste padrão e, o mais importante, brasileiros que se enquadrem neste padrão.

O palestrante Luciano Pires, em um de seus textos fala: “O ser humano quer mais. Depois que experimenta algo, quer algo melhor. Sempre melhor. E no processo de busca pelo algo melhor, passa por cima do altruísmo. Ou olha em volta, vê todo mundo se dando bem, cansa de ser o otário e parte para fazer o que todo mundo faz. E entra no jogo...”.

Então? Chega de entrar no jogo deles e pedir por “padrões” que não fazemos por merecer. Devemos começar a confiar em nós. Não apenas façamos e falemos sem pensar, agindo como um idiot savant (aquele que apenas possui o "conhecimento" mas não o discernimento das situações) em nossa ignorância. Chega de odiar a política, chega de desconhecer como funciona a sociedade, chega de conformismos... Falhamos ao não colocar nosso altruísmo como parte de nosso caráter e nossos sonhos como metas. Será que falhamos ao amadurecer?

Por isso,  exigir um país “Padrão FIFA” se você não consegue ser um brasileiro que se enquadra em um “Padrão Cidadão” talvez não adiante muito...

2 comentários:

Unknown disse...

O Filósofo Joãozinho Trinta já tinha dito: QUEM GOSTA DE MISÉRIA É JORNALISTA E POLÍTICO, POBRE GOSTA É DE LUXO E RIQUEZA! Daí, temos direito a passar esse Brasil a limpo e exigir um PAÍS PADRÃO FIFA. Esse Brasil Padrão Brasil, a gente deixa só pro PT... como gostam de miséria!!!!

Unknown disse...

O Filósofo Joãozinho Trinta já tinha dito: QUEM GOSTA DE MISÉRIA É JORNALISTA E POLÍTICO, POBRE GOSTA É DE LUXO E RIQUEZA! Daí, temos direito a passar esse Brasil a limpo e exigir um PAÍS PADRÃO FIFA. Esse Brasil Padrão Brasil, a gente deixa só pro PT... como gostam de miséria!!!!

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